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sábado, 1 de outubro de 2011

Agatha, a rainha e o cervo

Agatha, a rainha e o cervo

Amigos, façam suas críticas nos comentários, à vontade. Estive nesta semana na Nobel do centro aqui de Piracicaba, uma livraria de franquia e conversei com a gerente, que me disse que deixa um lugar reservado para escritores piracicabanos, o meu lá não se encontrava - estava para fazer acerto. Não me incomodo com acerto, mas ela ciosa de suas contas quis se antecipar. Se você, piracicabano ou não, for à livraria, existe uma gôndola, escaninho, com os livros de expressão genuinamente nossa, de Piracicaba; não
que seja melhor que a dos outros, sem querer comparar, mas só para dizer, que a nossa literatura também existe e fica nos fundos da loja, num cantinho que pode ser aconchegante, vá lá é nós que fazemos o nosso espaço, sombras se dissolvem com a luz.

O meu texto de postagem a seguir: 
A metáfora intensifica a trama de um texto ou romance, peça de teatro ou ainda um filme, anda quase em paralelo ao enredo para testemunhá-lo verídico ou despertar-lhe a ironia correlata e ainda entrelaçar-se nele. Quando bem feita, sem excessos “metafísicos” leva o texto a um nível de qualidade. É largamente usada na literatura, uma forma de exemplificar, dar corpo a uma ideia nem sempre apreendida por uma dissertação. O texto literário tem de corroborar, sugerir, questionar, mas trai o escritor. Sim, por vezes, usa fatos ocorridos consigo ou de outrem próximo como uma “profecia” de seus personagens ou de si mesmo. A psicanálise usa da literatura mítica e dos relatos de sonhos nas sessões. Por que o autor usou uma metáfora, e não outra? Alguns chegam a afirmar que na vida nada é por acaso, não sei se concordo com isso para a vida real, mas num texto de ficção...
Agatha Christie amarra o texto com as metáforas, como poucos sabem fazer.  Tudo segue a ideia principal e o acaso de uma cena bucólica cai dentro do roteiro e insinua o desfecho, sutilmente. No conto chamado O limite a escritora traça uma história pequena como um verdadeiro desenho, entrelaçando várias personagens com itens de um lugar físico, conhecido como o limite, um precipício. Os animais servem de alegoria para os humanos, os instintos sem controle nesse limite. Isso traduz a visão da autora e de ocorrências em sua vida, mas os amarrou e “projetou” como ninguém numa literatura de primeira qualidade. Todavia, o final, a conclusão da história, não foi do meu agrado (tinha de ser?), foi uma interrupção de uma enfermeira e a razão humana definindo algo que a protagonista Clare não conseguiu dar para sua própria vida. Fatal. Ela tem o título de rainha do crime, mas passemos a outra rainha, a do filme.
Na interpretação da atriz Hellen Mirren em A rainha, Elizabeth II, num de seus passeios solitários pelos sítios de caça da família real surpreende-se com um cervo solitário ao lado do rio, ela esta com o jipe encalhado, e tenta afugentar o animal para que não pereça nas mãos dos caçadores. Metáfora da morte de Lady Di e das preocupações da matriarca, aduz o filme. Depois a rainha vai ao matadouro e o animal está dependurado, onde o vela por alguns instantes soberanos. Esta princesa era mais amada que a própria rainha? Há momentos que a alma faz jogos com a mente e nessas entrelinhas que uma rainha séria, sisuda se mostra humana. Talvez assim o filme queira ter mostrado.
Alguns autores afirmam que setenta por cento do que falamos é metáfora. Vale a pena entender e pesquisar essa figura de linguagem.
Camilo Irineu Quartarollo
quartarollo.camilo@gmail.com, acessem-me também no
Autor de O Efeito Espacial e de O Seminário