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sábado, 4 de fevereiro de 2012

ANDAIME

ANDAIME
O grupo Andaime de Teatro, coordenado por Antonio Chapéu, vai ter um livro lançado brevemente com relatos das experiências de artistas do grupo e a história deste celeiro de talentos hoje espalhado pelo mundo, talvez contemos com relatos destes que hoje se encontram na "diáspora" porque os que primeiro vestiram as personagens, deram voz, deram intimidade a existência deles, cresceram, casaram-se, alguns na Itália outros por aí, quando a gente vê num encontro ou outro. A minha  esposa Luzia Stocco eu segurei em Piracicaba, por enquanto....
Vejam este texto do blog como um arremedo, um rascunho, uma contribuição tosca das muitas contribuições ao projeto do livro pelo crítico e escritor Alexandrre Mate, com certeza virá com correções, com fotos, com histórico, com críticas, com as palavras mesmas dos artistas, eu sempre acompanhei minha esposa pelas coxias, provendo água, dando uma ajudinha para carregar cenário.
Título: Participação extra
O mundo e o homem estão em construção - impossível tirar o Andaime.
Conheci o grupo de Teatro Andaime ao conhecer minha esposa. Levava-me a tiracolo aos ensaios e apresentações, apresentando-me na coxia a pessoas especiais, aos artistas. O corre-corre dos corredores, do repasse da última cena, dos recursos precários e do improviso de figurinos e adereços, da inventividade e da disciplina irreverente que tem um ator.  É um displicente organizado. A lógica do absurdo, de um clown fleumático ou de um extrovertido mesmo, do caipira, da outra pessoa dentro do espelho, o interpretado.
Via-me perdido nesse meio, conduzido pelo fio de amor de minha agora esposa. Admiro-me como criança das enormes maquinarias de luzes, roldanas e cortinas altas, as cenas eram-me já familiares e até alguns me tomaram por crítico de arte, não, era um observador contumaz e admirador da arte em que vida e obra se entrelaçam. Eu ator não, figurante de procissões, mas não para ela, à minha amada era uma contracena – ela é atriz e estava na sua personagem, tive de me dar um nome e uma atuação para nos entendermos nesta cena da procissão da peça Lugar onde o peixe para – talvez ator por acaso e por timidez (um contrassenso).
As interpretações, as viagens de ônibus com os figurinos, alguns bonecos sentados nas poltronas e as cantorias, a bagunça, as conversas paralelas, artista conversa ao mesmo tempo e se entende. Na chegada ao teatro, o encontro com outros artistas daquela cidade, descarregar e arrumar para a cena, cada um cuidando do seu figurino e personagem.
Ao entrar em cena a transformação, amigos, pessoas que até bem pouco tempo arrumavam luzes, brincavam, confidenciavam algum problema, são outras, mesmos os tristes por algum problema familiar riem como personagem, não, mais que isso, são outras pessoas – a verdade dramática está nos olhares, no corpo. Se não soubéssemos, acharíamos que a pessoa mesma morreu e outro assumiu o lugar. Os atores sabem que para passar uma mensagem, uma cena, as personagens têm de ter caráter próprio, vida própria e laços próprios para estabelecer a “sua” relação com o público, não com o colega de coxia – não se dará aos cacos. É um ato de amor e um divisor de águas para um novo conhecimento a interpretação séria. É possível uma nova relação humana.
Eu, então, posso ver de lá, do público e me sinto-me um privilegiado.
Abraços aos amigos do Andaime.

Um comentário:

  1. Representar e apresentar sempre o melhor de cada um de nós é que nos tornam emocionalmente íntegros! Parabéns ao grupo!
    [ ] Célia.

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