Contador




chat on line

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


   S i n o p s e 

                                 O androide é uma criação do Dr. Zéfiro, alto funcionário do D.I.H. (Departamento de inteligência humana). Por falta de verbas no departamento, este cientista pega o seu ajudante da faxina, dando-lhe moradia e um adicional para ajudar no seu projeto secreto. Dr. Zéfiro conduzia vários projetos de inteligência artificial, robôs da série T, e ao completar a criação do T10, sua melhor versão desde o T1, faleceu. O androide ficou aos cuidados do seu Silas, o ajudante e cuidador, sem conhecimentos técnicos, agindo pelo instinto e pela sorte. O que Silas não sabia é que ele e o androide tinham tantas coisas em comum.

domingo, 18 de dezembro de 2011


Feliz Natal!
Este final de ano fui agraciado com muitos convites de corais, para exposição, entrenimentos dos mais variados com alguma apresentação - não era comilança, churrasquismo ou nada para entorpecer os sentidos, ao contrário -  e isso aumentou em Piracicaba, a cultura, esta passa a fazer parte do cotidiano de alguns do meu setor, alguns músicos, outros fotógrafos e pintores, outros declamadores e muitos outros exercendo capacidades que o trabalho executivo poderia atrofiar, mas não atrofia. Por que cantar, fotografar, pintar ou escrever? Ora, somos humanos.
Apesar da consumismo, modismo, e outros ismos, a essência do natal sobrevive, é um dos cultivares mais prósperos da cristandade, o que a mídia de vendas nos apresenta como o novo, o revolucionário, não é nada mais que um simulacro de 1,99 perto da força desse símbolo universal. Neste ano vindouro, que possamos pensar no varejo, refletir com objetividade quando o assunto for a coletividade, voto ou... dessa natureza, porque não cabe escolha saudável se fizermos com ingenuidade. Voto é somente parte de um processo democrático, depois é que são elas, carga de impostos, qualidade de vida, os sócios do candidato pedindo contas, o chororô do caixa nos primeiros dias de governo e depois os candidatos se tornam invisíveis, saem da mídia, vão viajar no extra-mundo e só aparecem para inauguração, assuntos ruins é com assessores; mas o mundo não acaba. Feliz Natal e que esse espírito possa alcançar a todos.
Pessoal que me lê, no ano vindouro estará nas livrarias o novo livro meu As ciladas do androide.

sábado, 10 de dezembro de 2011

A crônica está no papo – o gênero e o veio das crônicas

Amigos, este blog que criei é para ser de discussão e lancei este texto em jornal já, para falar sobre este gênero que tanto me aplico, apaixonadamente. A expressão está no papo não quer dizer que a domine, mas que é pela via oral que se chega a um belo texto.

Muitas das conversas de corredor e dos bate-papos de calçadas tranquilas e nos círculos de compras de Natal poderiam se tornar excelentes crônicas para jornais, aliás, crônica é material para jornal, jornada, diário, cotidiano. Acho que notadamente o povo brasileiro tem essa criatividade para sortir o dia-a-dia. É rico em vocabulário, expressões e dialetos, inclusive criando palavras novas por junções de prefixos, sufixos ou principalmente pela fonética. Nosso povo é de vigor intenso na fala, na música - exerce o direito de espernear contra as dificuldades e injustiças a que lhe vexa o sentido da vida e de nação. A literatura não pode ser morta, tem de transpor o mutismo da grafia, tem de ter voz, interpor, compor, dispor e até propor.
A crônica é uma forma de humanizar, de tornar comum o lugar das classes sociais, não importando a serem autoridades, ricos ou pobres. Na barbearia, no cabelereiro não se tem censura, o assunto é comum.
Este gênero literário vinga principalmente por isso. A visão, o ponto de vista pessoal ou de uma localidade, o texto é mais do trivial, não é genérico, é inusitado, próprio – não é trabalho de dissertação científica. Tem nuances, humor, drama e... alento. Eu fico boquiaberto com frases bem construídas por “leigos” que não escrevem ou publicam, quando ditas num calor de discussão ou num mero acaso de suas dores ou anseios.
Nos textos , as personagens podem ser de qualquer tipo e classe social, mas o demiurgo (maestro) é o cronista, os fatos podem ser superdimensionados para caber o impacto e ápice da conclusão.
Neste texto de crônica sobre a crônica, pelas muitas vezes que fui perguntado sobre a tal, digo que o fascinante a mim é que o texto em crônica nos faz igualar o universo, as classes sociais – podemos redimir os menos-favorecidos, humilhados, oprimidos, estressados e a nós mesmos. Ufa!
E depois dizem que literatura não serve para nada! Protesto. Depende de quem a lê. Ainda que não se viva de literatura, nem os escritores (rsrsrs), ela é fundamental e se desenvolve em dialetos, cordel, caixa de fósforos, papel de pão, e outros meios de expressão, e, se não é por dinheiro, deve ser por amor mesmo. Escreva, leitor.

sábado, 1 de outubro de 2011

Agatha, a rainha e o cervo

Agatha, a rainha e o cervo

Amigos, façam suas críticas nos comentários, à vontade. Estive nesta semana na Nobel do centro aqui de Piracicaba, uma livraria de franquia e conversei com a gerente, que me disse que deixa um lugar reservado para escritores piracicabanos, o meu lá não se encontrava - estava para fazer acerto. Não me incomodo com acerto, mas ela ciosa de suas contas quis se antecipar. Se você, piracicabano ou não, for à livraria, existe uma gôndola, escaninho, com os livros de expressão genuinamente nossa, de Piracicaba; não
que seja melhor que a dos outros, sem querer comparar, mas só para dizer, que a nossa literatura também existe e fica nos fundos da loja, num cantinho que pode ser aconchegante, vá lá é nós que fazemos o nosso espaço, sombras se dissolvem com a luz.

O meu texto de postagem a seguir: 
A metáfora intensifica a trama de um texto ou romance, peça de teatro ou ainda um filme, anda quase em paralelo ao enredo para testemunhá-lo verídico ou despertar-lhe a ironia correlata e ainda entrelaçar-se nele. Quando bem feita, sem excessos “metafísicos” leva o texto a um nível de qualidade. É largamente usada na literatura, uma forma de exemplificar, dar corpo a uma ideia nem sempre apreendida por uma dissertação. O texto literário tem de corroborar, sugerir, questionar, mas trai o escritor. Sim, por vezes, usa fatos ocorridos consigo ou de outrem próximo como uma “profecia” de seus personagens ou de si mesmo. A psicanálise usa da literatura mítica e dos relatos de sonhos nas sessões. Por que o autor usou uma metáfora, e não outra? Alguns chegam a afirmar que na vida nada é por acaso, não sei se concordo com isso para a vida real, mas num texto de ficção...
Agatha Christie amarra o texto com as metáforas, como poucos sabem fazer.  Tudo segue a ideia principal e o acaso de uma cena bucólica cai dentro do roteiro e insinua o desfecho, sutilmente. No conto chamado O limite a escritora traça uma história pequena como um verdadeiro desenho, entrelaçando várias personagens com itens de um lugar físico, conhecido como o limite, um precipício. Os animais servem de alegoria para os humanos, os instintos sem controle nesse limite. Isso traduz a visão da autora e de ocorrências em sua vida, mas os amarrou e “projetou” como ninguém numa literatura de primeira qualidade. Todavia, o final, a conclusão da história, não foi do meu agrado (tinha de ser?), foi uma interrupção de uma enfermeira e a razão humana definindo algo que a protagonista Clare não conseguiu dar para sua própria vida. Fatal. Ela tem o título de rainha do crime, mas passemos a outra rainha, a do filme.
Na interpretação da atriz Hellen Mirren em A rainha, Elizabeth II, num de seus passeios solitários pelos sítios de caça da família real surpreende-se com um cervo solitário ao lado do rio, ela esta com o jipe encalhado, e tenta afugentar o animal para que não pereça nas mãos dos caçadores. Metáfora da morte de Lady Di e das preocupações da matriarca, aduz o filme. Depois a rainha vai ao matadouro e o animal está dependurado, onde o vela por alguns instantes soberanos. Esta princesa era mais amada que a própria rainha? Há momentos que a alma faz jogos com a mente e nessas entrelinhas que uma rainha séria, sisuda se mostra humana. Talvez assim o filme queira ter mostrado.
Alguns autores afirmam que setenta por cento do que falamos é metáfora. Vale a pena entender e pesquisar essa figura de linguagem.
Camilo Irineu Quartarollo
quartarollo.camilo@gmail.com, acessem-me também no
Autor de O Efeito Espacial e de O Seminário

sábado, 3 de setembro de 2011

Olhem para a China!

Olhem para a China!
(Pensamento Greco-romano e chinês)
A cultura oriental e notadamente a chinesa, lugar oposto ao mundo, sempre foi relegada ao estranho e até ao diabólico. Muitos estudiosos como o Jung e outros já atentavam para a necessidade da complementariedade dos opostos. Hoje a economia dá uma guinada e o império representado pelos EUA pende para o oriente. Hora de conhecer melhor este dragão que tanta assusta a marinheiros de primeira viagem.
Pelo nosso lado do ocidente, o pensamento greco-romano é hierarquizado, vê o mundo por categorias (Conceitos gerais que exprimem as diversas relações que podemos estabelecer entre ideias ou fatos). A atitude do filosofo concebido nesta cultura é a apreensão do conhecimento pelo distanciar-se da realidade, dividi-la, ver em análise, por partes. Com isso uma percepção errônea de que se pode estabelecer a ordem, porém a mesma está na cabeça do expectador filósofo que chegou a um conceito (que continua válido?)
No pensamento chinês, contudo, há uma lógica chamada de paradoxal. O mundo e as divindades são dinâmicos. A ordem não é por hierarquia e as coisas não são conceituadas, são ora uma, ora outra, conforme se reage a elas. A ordem não é estabelecida, é uma dinâmica de interações entre os seres e coisas do Universo, do qual o sujeito atua não atuando.
O conhecimento não é pela razão, mas pelo que chama de totalidade, ou caminho experimentador, ou Tao, em que se está envolvido na existência. O complexo do pensamento chinês é que, é aparentemente extremamente simples, é descontínuo como os ideogramas que se distinguem da linearidade da escrita ocidental, dedutiva.
E para concluir este texto, diria que talvez você não tenha aprendido nada e isso é muito importante; se chegou até a esse conhecimento, leia o texto abaixo:

Cap.1) do Tao Te Ching (livro do caminho e da virtude)

O Tao de que se pode falar não é o verdadeiro e eterno Tao.
O nome que pode ser dito não é o verdadeiro nome.
O que não tem nome é a origem do Céu e da Terra
E o nomear é a mãe de todas as coisas.

Sem a intenção de o considerar,
Podemos apreender o mistério e as suas subtilezas,
Através da sua ausência de forma.
Tentando considerá-lo, só podemos ver a sua manifestação
Nas formas que definem o limite das coisas.

Ambos provêm da mesma fonte e são o mesmo.
Diferem apenas devido ao aparecimento dos nomes.
São o mistério mais profundo,
a porta para todos os mistérios.
 

terça-feira, 26 de julho de 2011


Saudações escritores, meus queridos inspiradores e amigos invisíveis. Vc que por aqui passa comente. Este blog é de crítica literária.

Dia do escritor
Leitores generosos e cansados
O leitor dá ao escritor um crédito pelas primeiras páginas de um romance ou conto, ou linhas de um texto, mas se não houver interesse, a continuidade pode ser um exercício árduo de paciência aos assíduos, os próximos títulos deste escritor... Há leitores generosos que leem assim mesmo. O que cair na mão vai se lendo, mesmo com o nariz torto ou abano de cabeça.
Existem leitores pios que creem no narrador onisciente, como se estes possuíssem todo o conhecimento das personagens e enredo possíveis ou que o único enredo é aquele apresentado na sua obra. Se o autor os convenceu, escreve bem e por estes sacrificam-se a vista noturna detrás do abajur.
As personagens saltam das páginas e pulam para dentro de um texto quando uma ideia e contexto lhe são próprios a vir à luz, porque o escrever e o ler desenvolvem uma terceira visão. Digamos um triângulo que se encaixa com o leitor que fazem uma estrela de seis pontas, o texto está pronto.
O que cansa o leitor? A resposta foi repetição de ideias, não a cacofonia (repetição de sons das palavras), mas os adjetivos soando quase como um estigma (fulano cego, o cego fulano de tal, o grande tal, etc.).  Aí também a questão do estereotipo. Personagens sem alma são obsoletos. Para os grandes escritores até as cadeiras tinham alma; para os idealistas nada importa mais que “passar” suas ideias prontas e seus pontos de vista numa história comprida, e se forem estes personalidades com o carimbo inglês de Best seller, todos “têm” de ler.  Há pessoas que só compram livros de escritores renomados e outras que colocam este título no rol de sua biblioteca como uma verdade inquestionável. Muitos só leem o prefácio de alguém famoso e que alimenta o ponto de vista de seus leitores e as conversas de botequim. Livros como um bem material, um investimento com lastro no dorso.  Todavia, o leitor atento descobre nesses o enredo sutil, o que esconde – friso isso, porque certas obras líderes em vendagem têm um caráter global da verdade e polêmicas e, contudo, trazem muitas contradições de bojo.
Faço também aqui a critica a um tipo de literatura paternalista, do texto excessivamente superficial que quer evitar os termos “chulos” e amenizar, glosar, dar voltas que não levam a lugar nenhum e se perdem no abstrato e no formal. O escritor tem escrever e às vezes se sente compelido por motivo pessoal (como um profeta) ou necessidade espiritual ou outro que não o mercadológico, provavelmente nunca vai ser um campeão de vendagem ou personalidade se não tiver uma editora forte ou dinheiro por trás, mesmo sendo bom. O escritor não é alguém de cadeira em academia, dicionário ambulante, fumante de charutos e dono de iate, aliás, o escritor não é ninguém sem o leitor e o seu dia é 25 de julho.  Saudações a eles e em qualquer meio que milite, jornal, revista, blogs, site, etecetera.

domingo, 3 de julho de 2011

As três lágrimas e uma interpretação

 As três lágrimas e uma interpretação
Este texto antigo declamado Brasil afora e em muitos brasis, leva em seu declamador um depositário de escuta e oralidade. Três lágrimas porque são três momentos de um caboclo enamorado: o pedido em namoro, o casamento e a morte da esposa, talvez pela febre amarela (face amarela).
Eu sempre o achei um pouco mórbido, como se no final o caipira definhasse, assim foram em todas as declamações que vi e ademais a cultura interiorana cultiva a religiosidade, as peregrinações, as relações domésticas e de vizinhança – coisas que tornam fatos tristes em cantos de dor, saudade e de fé.
No início do poema caipira... “se eu pudesse esquecê...” denota uma história pungente de quem quer esquecer, mas precisa contar, dividir a dor. O lugar é público, uma festa de São João. Foi atraído à consorte pelos encantos simples, dos olhares seus nos dela, pelo vestido de chita, tecido ordinário e o único de festa – nos três momentos é o mesmo “vestido de chita, todo enfeitado de fita”. A arte do encontro, a atração o fez dedicar-se àquele amor seu.
Na primeira vez, no pedido de namoro, seus olhos se “orvaiô” porque tinha uma esperança. No ano seguinte eram noivos, foi uma empolgação de estar “satisfeito” apresentando a todos a quem amava, com ufania - esta lágrima não conseguiu segurar por tanta felicidade.  A última lágrima foi lancinante e triste: a morte da amada.
A realidade impõe-se com quatro velas e a deposição, cortando o destino que pensava tão feliz. Triste, tocante e fúnebre mesmo. Diriam os(as) leitores(as) que o autor deixou um texto da própria vida ou de alguém bem próximo e com muita mestria. Talvez. Sempre gostei do texto, mas no final não me permitiria a tantas lágrimas e achava muita morbidez, não queria vivenciar isso e quê medo de estar no lugar deste caipira. Todavia, a apresentação deste texto na peça Patacoadas do Cornélio Pires sempre me fez questionar esse definhamento ou morbidez.
Ora, aqui muitos declamadores põem termo à apresentação de forma lacônica, grotesca, seca, como a matar a própria vida dentro de si.
Creio que o ator Bruno Agulhari foi feliz ao declamar. Deu-me outra percepção desta obra. Talvez a que o autor quis dizer mesmo. Na sua interpretação, no “os meus zóio se seco”, se as vê contidas em despedida a quem o faz descobrir o amor, os gestos do ator são como uma ave que voa livre (a alma dela? Desapego?). Na última lágrima do texto: “...eu não queria que ela fosse ansim, sem se adispidí de mim, garrei na cabeça dela e como um loco bejei...as minhas lágrima inundo os óio dela...”, o ator declamador mostra que ele se consumou nela morta e se separou. Se o caipira que sofreu esse golpe do destino realmente tivesse as lágrimas secas, não comporia essa obra prima e se outro lhe aproveitou o “fato contecido”, não deixaria as lágrimas secas, ia colhê-las sempre pela releitura e pela gratidão de quem o fez humano, a menina do vestido de chita. A vida se renova com a gratidão de sentimentos e esta obra vai ser um registro de como sente o mundo e por certo amará novamente.
SE EU PUDESSE ESQUECÊ
AQUELA NOITE DE SÃO JOÃO
MAS QUÁ
ERA A MOÇA MAIS BONITA
COM SEU VESTIDO DE CHITA
TODO ENFEITADO DE FITA
QUE PISÔ NA POVOAÇÃO
NO VORTIADO SAPATIADO
FOI QUE NÓIS SE CUNHECEMO
NOSSOS ÓIOS SE ENCONTRARAM
NOSSOS ÓIOS SE GOSTARAM
E NÓIS TAMBÉM SE GOSTEMO
NO GEMÊ DA VIOLA
NESSA DOR QUE NOS CONSOLA
EU FIZ A DECLARAÇÃO
E COMO QUEM PEDE ESMOLA
OS MEUS OLHO MENDIGAVA
UM OLHA DOS OLHO TEU
E QUANDO A ESMOLA CHEGOU
CHE MEU DEUS
EU NÃO SEI O QUE SENTI
NÃO SEI MEMO PRA QUE MENTI
EU NÃO SEI COMO FOI AQUILO
SENTI UM NÓ NOS GORGUMILHO
UMA VONTADE DE CHORAR
MAIS QUÁ TUDO CANSA
OS MEUS OLHO SE ORVALHÔ
E UMA LÁGRIMA ROLÔ
PRA MODE EU TE ESPERANÇA
E UM ANO MAIS SE PASSÔ
QUANDO FOI NO OUTRO SÃO JOÃO
ERA A NOIVA MAIS BOBITA
COM SEU VESTIDO DE CHITA
TUDO ENFEITADO DE FITA
NESSA NOITE DO SERTÃO
QUANDO SAIMO DA IGREJA
TUDO MUNDO TINHA INVEJA DA NOSSA FELICIDADE
EU TAVA TÃO SASTIFEITO,MAIS TÃO SASTIFEITO
PARECIA QUE MEU PEITO QUERIA
SE ARREBENTAR
EU INTÉ NUM SEI EXPRICÁ
QUEM DIZ,OS MEUS OLHO SE OEVALHO
E OUTRA LÁGRIMA ROLÔ
PRO MODE EU SÊ TÃO FELIZ
MAIS QUANDO FOI NO OUTRO SÃO JOÃO
QUATRO VELA ACESA LÁ NA MESA
ALUMIAVA SEU CACHÃO
INDA TAVA MAIS BONITA
COM SEU VESTIDO DE CHITA
TUDO ENFEITADO DE FITA
E UM RAMO DE FRÔ NA MÃO
QUANDO FOI PRELA PARTÍ
EU NÃO QUERIA QUE ELA FOSSE
ANSSIM SEM SE ADESPEDÍ DE MIM
GARREI NA CABEÇA DELA
E COMO UM LOCO BEIJEI,
BEIJEI SUA FACE AMARELA
NA HORA QUE ELA PARTIU
EU JÁ NEM SABIA CHORÁ
O RESTO DAS MINHA LÁGRIMA
EU DEI PRA ELA LEVÁ
AGORA AS VEIS DE TARDINHA
EU GARRO DE CISMA,DE CISMA
E DE REPENTE SEM QUERER
NUM SEI PURQUE
MA DA VONTADE DE CHORÁ
MAIS QUA QUEM A DE
O MEU PRANTO SE SECÔ
NA DOR DESSA SODADE
eta - TV Cultura - SR BRASIL - fotos:
Autor como A. Campos Negreiro

Nossas obras, à venda nas livrarias Nobel do centro de Piracicaba e do Shopping
e contato pelo e-mail quartarollo.camilo@gmail.com

sábado, 25 de junho de 2011

Amigos, esta semana fomos ver uma peça de teatro chamado O homem da cabeça de papelão no bar do Lao e depois da esplêndida performance do ator da crítica obra, trocamos exemplares com Augusto Bicalho. O tal livro deste autor piracicabano é incomum e chama-se As paredes caiadas, palavras precisos e sintéticas dentro de um mar de ocorrências da minha, da sua, da vida dele. A obra da peça que se apresentou faz críticas às políticas sociais do Brasi e cidade (aliás, aqui há políticas sociais?) e é uma "obra concluída" com Autor: João do Rio
Direção: Gabriela Elias
Adaptação: Guilbert Nobre
Colaboração: Fátima Munis e Karina Degaspari
Obs. do blogueiro: nós só assistimos cada um com sua cabeça mesmo, num quintal maravilhoso que o bar oferece próximo ao rio piracicaba e à biblioteca municipal.
O texto abaixo é da minha cabeça e está disponível a críticas e conhecimento. Abçssss.
acesse também
Papel do livro
O livro vai acabar? As obras virão em livro digital, no formato metálico tipo tablete. O aparelho tem páginas como os de livro, da cor, brilho, o cheiro não. Aliás, tem gente que gosta de cheirar livros antes de abrir! As pessoas botam flores odoríficas ou coloridas entre páginas, peguei uns em sebos e, rabiscados com frases autoafirmativas e declarações de amor, dos que se soltam a escritores paralelos, como um grafites (estive aqui, passei pela existência). Ah, no livro virtual não vão poder fazer orelhas ou dobrar os cantos, nem pôr marca páginas de sua preferência, isso é coisa do passado.
Lemos livros lidos pelos outros e compramos alguns dos mais vendidos ou indicados por algum amigo, ou ofertados pela mídia, mas a nossa leitura depende da visão que temos do mundo. Nós, escritores, temos de escrever para vários públicos ao mesmo tempo e cada pessoa vai ler de forma diferente a mesma coisa. Não a mesma coisa, cada vez que a Consciência vê, o homem tem o poder de mudar coisas. Um livro nunca é igual, nem nós. Isso amedronta! Mas não estamos sozinhos, nem quando lemos um suspense ou uma ficção. Está presente a Consciência, os arquétipos, o Inconsciente em forma de fantasia, de forma imperceptível e indelével, que mexe até com o próprio escritor ao reler o que ele mesmo escreveu. Por isso o livro educa, influencia.
O(a) leitor(a) aborda o escritor na rua e comenta, percebeu no contexto algo inusitado, que nem o escritor previra fazê-lo, mas a obra já é pública. Alguns acham que se escreve sobre o influxo de algum espírito ou entidade, ou sob a famosa musa inspiradora.  Antigamente, eram comuns pseudônimos aos perseguidos pela ditadura, aos poetas ardorosos, aos tímidos e modestos. Temos o Julinho da Adelaide (Chico Buarque), Marques Rabelo (Edy Dias da Cruz), Cora Coralina (Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas) e, destacamos Alberto Caieiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis (todos de uma só Pessoa, ou melhor, do Fernando Pessoa), dentre muitos outros e eu posso escrever como você.
O livro de papel passará ao virtual como um passe de mágica e, ainda assim, ler o livro de papel ou de tijolos dos sumérios não é regressão à infância, mas parte de um ciclo da existência. Páginas virtuais não é a mesma coisa que folha para nossa experiência tátil, olfativa, ou na dimensão lúdica de se tocar uma folha de papel, em que a memória nos remete às das árvores – pelo tátil estabelecemos uma relação perceptiva de coisas, o texto gera ideias pelo idioma, mas subsiste pela experiência perceptiva do leitor.
Um livro não é tudo, mas a percepção do cotidiano é de suma importância para nos situarmos numa obra, daí ler ou escrever um livro é um processo natural, em tijolos sumérios, papel de pão ou tablete virtual. Se a obra literária nos questiona, é porque somos o escritor velado. Estamos prontos.
________
Os nossos livros, de papel mesmo, estão à venda na Nobel do centro e do shopping de Piracicaba e aos de fora da cidade, nosso e-mail é quartarollo.camilo@gmail.com

sábado, 11 de junho de 2011

É o mordomo! - ilustrando a obra de Agatha Christie

Camilo Irineu Quartarollo
Escritor e autor de O Efeito Espacial e de O Seminário
É o mordomo!
Nos romances policiais esta é uma conclusão quase óbvia, mas para se chegar a ela valem-se da mestria de uma Agatha Christie, que escreveu uma enorme série destes clássicos.  Em sua autobiografia conta como começou a escrever. Tinha conhecimentos de química, de remédios por trabalhar na guerra como enfermeira e tinha acessos a casos policiais também. Depois de se separar do primeiro marido, dedicou-se quase que totalmente a escrever romances policiais. Os seus enredos são de arrepiar. Agatha não é daqueles autores - amadores, diga-se de passagem - que enchem as personagens de adjetivos desnecessários (digo desnecessários os que saem da função de enredo) e cada característica - atentem se o lerem - tem uma finalidade dentro da história, mesmo para distraírem o leitor da real causa. Todavia, o cenário em que coloca as suas histórias são como uma visão pessoal e a gente as vê como um “dèjá vu” (percepção inconsciente) de tão bem elaborado. E isso tudo, levando-se em conta que lemos a escritora em obra traduzida, visto que inglesa e escrevia naquela língua. O cinema se valeu, além de outros clássicos, dos seus livros e enredos para os seus filmes.
As cenas de Agatha parecem domésticas e o narrador onisciente nos leva a uma visão aristocrática daquele mundo. Seguro e cúmplice com o narrador, o leitor delicia-se descobrindo o criminoso, sempre há um e em alguns casos vários ou uma coletividade como no caso Crime no expresso oriente – se não leu, já falei. A coleção de Agatha é enorme e os sebos estão cheios destes saborosos livretos amarrotados com histórias bem urdidas e “familiares”. Ela tem uma sonoridade própria e faz o suspense como ninguém, descreve pessoas, situações e coisas como vivas e a morte como algo contra a natureza e a sociedade – um atentado à sociedade vitoriana.  Um mundo de mordomos, de copeiras, de jardineiros, de damas de companhia, de governantas, parece comum nos seus livros – talvez reminiscências de uma infância que teve.  Alguém que quer se vingar do patrão, competir com o detetive Poirot, cobrar uma dívida, roubar uma herança ou fazer justiça com as próprias mãos, ferindo a Lei e os princípios de um cenário bucólico descrito com realeza.
Acrescente-se ainda que em algumas histórias a escritora vai ao surreal para dar sentido aos seus escritos e o faz como ninguém. Pode partir de uma premissa ou axioma, Os elefantes nunca esquecem, por exemplo, e “comprová-lo” de forma inusitada; ou trazer o universo mítico, como nos Doze trabalhos de Hercules ambientado no nosso tempo, como fez. Você, leitor(a), que não é afeito à leitura cansativa de romances grossos ou daqueles que demoram até chegar nas vias de fato, peguem um desses no sebo, é baratinho. 
NOSSOS LIVROS ABAIXO:
Adquiram nossos exemplares à venda na NOBEL na do centro de Piracicaba, na do shopping e peçam nas demais livrarias da boa literatura. Quaisquer dúvidas contacte-nos. As obras têm sinopses que tornaremos a divulgar ou passar por e-mail aos que assim desejarem.
O exemplares são nos valores de  R$ 23,00  R$ 13,90  e   R$ 9,90, respectivamente.
Leiam, livros novos à preço de Sebo.

domingo, 29 de maio de 2011


Agradeço aos compradores de O Seminário, leitores ou não, que me ajudaram a pagar os custos de gráfica e edição. Dentre estes compradores, alguns o fizeram para colaborar, outros por interesse pelo tema e alguns até gostaram. Toda opinião me bem vinda, vou aprender com elas. O livro é vendido aqui em Piracicaba pela livraria NOBEL do centro e da Unimep-taquaral ou ainda por este blogueiro pelo mesmo preço, a todos compradores que quiserem faço meu autógrafo desenhado, se o quiserem. Vai aqui ainda a sinopse para dar água na boca:"A morte de Olderick reabre a discussão sobre um fato antigo, o da morte de Adelmo em 1940, noviço e autor de um diário desaparecido. Duas mortes semelhantes em épocas diferentes. Coincidência? Talvez. Mas ainda outra morte da mesma sacada e os ataques aos seminaristas nas cercanias do Seminário põem em dúvida a tese da simples coincidência. Os moradores desconfiam de alguém furtivo pela casa antiga, de muitas janelas, portas e passagens secretas. Talvez o diário de Adelmo ou
as anotações de Olderick possam elucidar o mistério, mas o jovem Teófilo vai descobrir coisas que nunca imaginou. Mas aos que não leram ou não tiveram acesso ao O Seminário, leim o texto abaixo, uma lenda que transformei em crônica, "a modo mio."
O blogueiro
Mula-sem-cabeça
Um animal que rodopiava pela cocheira à noite entre os cavalos. Dava coices e derrubava cercas e desembestava num tropel, levando cavalos fujões a lugares inimagináveis. Depois o dono tinha de ir com corda laçar os arredios ou desatolar alguns do riacho e alguns só faltavam subir em árvores. Os caboclos que a viram de frente e sobreviveram dizem que tinha uma cruz na testa e pulava como os redomões e vinha sempre em noite de lua.
O animal teria sido de um barão dono de escravos, dava muitas chibatadas neles, era sádico e foi na casa deste que a mula fez grande estrago. Entrou pela porta, fuçou tudo e coiceava, por fim derrubou as lamparinas, que queimaram a casa e o barão morreu junto, virando lenda. À noite as famílias se apegavam ao terço e lá ficavam temendo os ruídos, até de um latido de cão cismado.
Meu pai não tinha medo disso e dizia com valentia que era superstição. Quando moço ia sempre aos bailes, o cavalo voltava sem ele pegar nas rédeas, sabia o caminho, dormia sobre a cela. A mula-sem-cabeça nunca o atacou, mas tinha uma porteira que abria sozinha, mas isso é para outro texto.
Nunca o atacou, mas numa noite a viu de relance atrás de um capinzal. O sono o impediu de verificar a contento e o cavalo manteve a marcha leve até a casa. Como a tal não o seguiu, deixou-a por lá, estranha que fosse. Todo o sábado passava ali naquele lugar, uma santa-cruz e um capinzal da fazenda do barão e um animal muito grande pastava. Era sinal de azar, que mudasse de caminho, encontrá-la seria a morte e a ruína.
Meu pai foi ao baile pela mesma trilha, dançou com várias senhoritas, não deu esperança a nenhuma, ainda não escolhera a sua, voltou à montaria, não estribava, bateu no pescoço do animal e este foi no caminho aprendido pelo hábito e passaram pelo capinzal afamado. A mula? Meu pai desceu para ver a tal. Um mulão enorme, sem dono, que parou, levantou a cabeça da sombra que a noite fazia, era uma malacara linda.
Voltou no domingo. Os caboclos deram as descrições físicas precisas das muitas aparições pelas redondezas e meu pai falou:
- É esta? – e mostrou o animal laçado, só restaram os copos sobre as mesas, os homens fugiram todos e meu pai teve de se servir, pois não havia nem atendente mais. A mula? Bem, esta esperava o novo dono e nunca deu problema. Para se adestrar um animal, não se pode perder a cabeça.
Este texto foi publicado no A Tribuna Piracicabana em 28/05/11